Como prosperar em tempos incertos
O que você vai ler aqui:
- Hora de inverter processos
- A urgência de estabelecer uma nova mentalidade nas companhias
- Repense a cultura da companhia na direção da experimentação
Bruno Guicardi, Co-fundador e presidente da CI&T USA
Há meses vivendo em constantes e velozes mudanças de rumo, as companhias vêm buscando pontos de certeza aos quais se agarrar e apontar suas estratégias. Porém, sendo uma companhia digital acostumada a lidar com o imprevisível há muitos anos, podemos adiantar que são poucas as certezas que temos, e todas elas giram em torno da adaptabilidade, da flexibilidade, da colaboração em busca de soluções ágeis e da resiliência frente ao incerto.
Bruno Guicardi
E são essas certezas, esses ensinamentos que queremos oferecer neste artigo para quem busca acelerar suas jornadas de transformação digital com força em 2020. Assim, trazemos, aqui, reflexões e insights gerados em um bate-papo interessante entre o nosso CSO, Bob Wollheim, e o nosso presidente nos Estados Unidos e Co-fundador, Bruno Guicardi, em um podcast, disponível em inglês. Além disso, Bruno fala sobre os novíssimos aprendizados trazidos não pelo "novo normal", mas - como ele mesmo diz - pelo "anormal".
Hora de inverter processos
Jogando com sucesso há anos, muitas empresas tradicionais vêm criando setores de digital, com squads multidisciplinares e colaborativas rodando o ágil, que têm como objetivo trazer agilidade na produção de novas ideias que acompanhem o mercado e velocidade nas entregas para os clientes. Enquanto isso, toda a máquina da companhia segue funcionando da mesma forma. As novas ideias que chegam dessas squads, ou diretamente de solicitações dos clientes, têm que passar pelo crivo dos altos escalões e do conselho, que acabam escolhendo algumas poucas que "terão a honra" de serem lançadas.
Só com a leitura dessa última frase já perdemos meses, e o consumidor já mudou seu desejo ou virou para a concorrência. A hora é de colocar esse processo totalmente de cabeça para baixo. A forma de operar digitalmente tem que ser a base da companhia e não apenas um nicho de inovação. Se não modificarem a maneira como aprovam e financiam essas ideias, a velocidade de criar o novo e entregar valor real para clientes simplesmente não acontece e sua companhia já perdeu espaço.
Bruno Guicardi
A palavra, aqui, é experimentação. Não é apenas deixar que as squads criem hipóteses de soluções para entrega de valor para os clientes e peçam autorização para realizá-las, mas dar real autonomia para que a companhia se movimente nesse formato. As equipes têm que ter liberdade para criar novas propostas de valor, testá-las junto aos consumidores, ajustar ou abandonar as que falharem e tentar novamente em um ciclo contínuo. Não tendo a certeza, o ajuste fino lado a lado com o cliente é a única possibilidade de gerar produtos, serviços e experiências que encantem e tragam resultados de impacto.
Bob Wollheim
Bruno Guicardi
Repense a cultura da companhia na direção da experimentação
A urgência de modificar cultura e estruturas para tornar sua companhia apta a esse tipo de lógica de operação está posta, mas sabemos que não é tarefa simples. Ao contrário, modificar uma cultura enraizada é tarefa das mais complexas. A única maneira de fazer isso é introduzindo, aos poucos, novas práticas que façam sentido, que tenham resultados muito melhores que os anteriores. Tanto para as equipes quanto para a companhia como um todo.
Do lado da operação, o valor das novas formas de fazer tem que ser gerado na velocidade e na facilidade com que o trabalho das equipes acontece, reduzindo barreiras burocráticas e de hierarquia e permitindo que elas gerem soluções para os problemas e necessidades que, de fato, enxergam no dia a dia, acompanhando os clientes. Já para o C-Level e o board, quanto mais rapidamente os ponteiros do negócio se moverem, mais força ganharão as mudanças necessárias na companhia.
Bruno Guicardi
Segundo Bruno, um ponto que deve ser especialmente trabalhado, em se tratando de mudança cultural, é o desenvolvimento de lideranças que sejam "educadas para a tecnologia". Líderes de negócios do futuro devem, cada vez mais, entender sobre oportunidades e possibilidades das novas ferramentas.
A necessidade não é tornar-se especialista, mas ter um conhecimento consistente e buscar sempre a atualização junto a executivos e executivas da área "da mesma forma que entendem de marketing, contabilidade, RH e todas as outras disciplinas necessárias para uma empresa funcionar". Para ele, a alta camada executiva deve ampliar as suas capacidades e seu conhecimento e entender a necessidade de estar sempre em movimento e em constante aprendizado.
E, perguntado sobre o futuro, embasado na experiência de quem vive há anos imerso nas incertezas do digital, atendendo a operações no mundo todo, Bruno deixa uma diretriz tranquilizadora.
Bruno Guicardi
Se você quiser ouvir o conteúdo do bate-papo na íntegra, acesse o podcast, gravado em inglês.